utorak, 5. svibnja 2015.

NUM POVO EDUCADO OU AMACHUCADO PELA TELEVISÃO POBRE TODA A NÓDOA É NOBRE TODA A NÉVOA ESTÁTICA É ESTÉTICA TODA A PROSA VIL É SENIL DIALÉTICA DIANÉTICA DE ABRIL

todo o velho chavelho é um salazar seminal potencial já por azar se calhar...o seminário observatório do risco ao meio notório ...forma ou deforma novos in velhos que gostam como socrates de pinar com educativas paixões e ternas mas não eternas tesões com que empernas nas tabernas  em pupilos e pupilas nas pilas com que desfilas nos regimes sem maneiras em que tu cheiras
 
AVÉ-MANIA DA NÉVOA TELEVISIVA QUE NOS ASSOMBRA NA SOMBRA DA BOMBA QUE UM DIA SERÁ H....

Meu filho! termina o dia…
A primeira estrela brilha…
Procura a tua cartilha,
E reza a Ave Maria!

O gado volta aos currais…
O sino canta na igreja…
Pede a Deus que te proteja
E que dê vida a teus pais!

Ave Maria!… Ajoelhado,
Pede a Deus que, generoso,
Te faça justo e bondoso,
Filho bom, e homem honrado;

Que teus pais conserve aqui
Para que possas, um dia,
Pagar-lhes em alegria
O que sofreram por ti.

Reza, e procura o teu leito,
Para adormecer contente;
Dormirás tranquilamente,
Se disseres satisfeito:

“Hoje, pratiquei o bem:
Não tive um dia vazio,
Trabalhei, não fui vadio,
E não fiz mal a ninguém.”


Olavo Bilac 




 
Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?"

Cecília Meireles



Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:

- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?



Machado de Assis


Ave! Maria!

A noite desce, – lentas e tristes
Cobrem as sombras a serrania,
Calam-se as aves, – choram os ventos,
Dizem os gênios: – Ave! Maria!

Na torre estreita de pobre templo
Ressoa o sino da freguesia,
Abrem-se as flores, – vésper desponta,
Cantam os anjos: – Ave! Maria!

No tosco alvergue de seus maiores,
Onde só reinam paz e alegria,
Entre os filhinhos o bom colono
Repete as vozes: – Ave! Maria!

E, longe, longe, – na velha estrada,
Para, – e saudades à pátria envia,
Romeira exausta, que o céu contempla
E fala aos ermos: – Ave! Maria!

Incerto nauta por feios mares,
Onde se estende névoa sombria,
Se encosta ao mastro, descobre a fronte,
Reza baixinho: – Ave! Maria!

Nas soledades, sem pão nem água,
Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,
Triste mendigo, que as praças busca,
Curva-se e clama: – Ave! Maria!

Só nas alcovas, nas salas dúbias,
Nas longas mesas de longa orgia
Não diz o ímpio, – não diz o avaro,
Não diz o ingrato: – Ave! Maria!

Ave! Maria! – No céu, na terra!
Luz da aliança! – Doce harmonia!
Hora divina! – Sublime estância!
Bendita sejas! – Ave! Maria!



Fagundes Varela


Carreteiro

Carreteiro é a paciência caminhante!
Jamais na vida soube o que era pressa!
Ao passito desceu pelo lançante...
Ao passito a subida ele começa...

Sempre ao passito, vai seguuindo adiante...
A vida toda leva a viagem essa!
Sob o sol quente ou sob o frio cortante,
Segue assim, sempre assim, nunca se apressa.

Leva n'alma gemidos de carreta...
E é impassível, por mau ou por bondade,
Embora a desventura lhe acometa.

Nesse viajar sem fim, que ele não sente,
Lembra a viagem constante da saudade,
Carregando passado p'ra o presente.
 



Vargas Netto


A Flor e a Fonte

"Deixa-me, fonte!", Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.

"Deixa-me, deixa-me, fonte!"
Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".

E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!..."

Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria,
Rolava, levando a flor.

"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;

"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!..."
 



Vicente de Carvalho

Testamento

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.

Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!


Manuel Bandeira

 

A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino Vos deu,
como afirmais na Sacra História,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
 



Gregório de Matos Guerra

 

Bocage teve uma fecunda produção poética. Geralmente não dava títulos a seus sonetos, como, alias o fazia também Camões. O soneto a seguir é um dos de que mais gosto:

Incultas produções da mocidade
Exponho a vossos olhos, ó leitores:
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,
Que elas buscam piedade, e não louvores.

Ponderai da Fortuna a variedade
Nos meus suspiros, lágrimas e amores;
Notai dos males seus a imensidade,
A curta duração de seus favores;

E se entre versos mil de sentimento
Encontrardes alguns cuja aparência
Indique festival contentamento,

Crede, ó mortais, que foram com violência
Escritos pela mão do Fingimento,
Cantados pela voz da Dependência.
 



Bocage

 

Augusto dos Anjos é extremamente pessimista, mas ninguém pode negar que é excelente poeta:
 

Versos Íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
 



Augusto dos Anjos

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